Camisinha com farpas para evitar estupro
Uma inventora sul-africana apresentou hoje uma camisinha feminina antiestupro, que se gruda ao pênis do agressor. A invenção tem o objetivo de reduzir uma das maiores taxas de estupros do mundo."Ninguém nunca fez nada para ajudar as mulheres, para que elas não sejam estupradas, e achei que já estava mais que na hora", disse Sonette Ehlers, 57, sobre o "rapex" (algo como "estuprex"), um dispositivo parecido com um absorvente interno (ou "tampax") que já causa polêmica no país.
As estatísticas policiais mostram que mais de 50 mil estupros são registrados por ano na África do Sul. Especialistas dizem que o número real pode ser o quádruplo disso, já que a maioria dos estupros em que os agressores são pessoas conhecidas, ou em que a vítima é criança, não é denunciada.
Ehlers disse que o "rapex" gruda-se à pele do agressor, dando à vítima tempo para fugir, além de ajudar a identificar os culpados. "Ele vai estar muito preocupado a essa altura", disse ela a repórteres em Kleinmond, uma pequena cidade turística cerca de 100 km a leste da Cidade do Cabo. "Garanto que vai doer bastante. Ele vai direto para um hospital." O dispositivo, feito de látex e fixado por farpas afiadas, só pode ser removido cirurgicamente. Assim, a equipe do hospital vai ficar sabendo do estupro e denunciá-lo à polícia, explicou a inventora.
O "rapex" também reduz a possibilidade de a mulher ficar grávida ou pegar aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, já que funciona como uma camisinha feminina.
A África do Sul é o país que mais tem vítimas do HIV/Aids no mundo todo. Um em cada nove de seus 45 milhões de habitantes está infectado. Ehlers, que apresentou um protótipo do dispositivo na quarta-feira, disse que as mulheres já o testaram para ver se ele pode ser usado confortavelmente, mas que a camisinha nunca foi testada num homem de verdade, apenas num modelo de plástico. A produção deve começar no ano que vem.
Entretanto, o "rapex" causou preocupação entre ativistas antiestupro, que temem que ele faça aumentar a violência contra as mulheres. "Se a vítima estiver usando um dispositivo como esse, o agressor pode ficar ainda mais furioso, o que pode causar mais danos", disse Sam Waterhouse, da entidade Rape Crisis. Outras pessoas acusaram a camisinha de ser um método medieval e bárbaro, adjetivos que, para Ehlers, deveriam ser usados para o estupro.
Reuters
19 Comentários:
Car@s amig@s,
Desculpem-me pelo relapso. Sei que abandonei o blog. Voltarei a escrever com afinco. Por enquanto, reproduzo uma matéria da reuters sobre essa invenção que achei fantástica. A ciência a partir de um olhar feminino... E, a pedidos, vou procurar escrever textos, digamos, mais leves. Beijos.
Poxa, mas tem que sair todo dia de casa com o rapex???
Amei a idéia!!!!!!!1 Quero dez, por favor! Onde compra? Como encomendo???
Cara, achei estranha essa camisinha... sei lá... vou pensar um pouco, ruminar a novidade e depois escrevo uma opinião... ou não?!
Let
De qualquer forma vou colocar no site do Dandara, ou melhor, vou fazer uma enquete entre as feministas...
...não entendi, antes de colocar no site vc vai fazer uma enquete com as feministas...? Posso votar?
Pois é, a invenção ainda não é perfeita, tem seus inconvinientes... Mas por outro lado, já existem cientistas pensando em inibir a violência sexual contra mulheres e isso já é um grande passo...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Ahhhh... Não tem post novo??
fantástico, a incidência de casos de estupros fica num debate secundário. A forma é o conteúdo do debate, não?
o que será que leva a Af. do Sul ao triste recorde? Como se permitiram chegar a esta taxa?
o que é ser mulher na Af. do Sul?
Respondendo ao anônimo:
Não parece ser a forma, muito pelo contrário, mas uma resposta feminina e feminista contra uma constatação de prática contra mulheres.
O que faz da África Do Sul África do Sul? Qual é a história de colonização?
A incidência altíssima de casos de estupro é mais que antiga, e muito mais que universal, esses indices são variáveis, mas invariável é a prática de exploração dos corpos femininos. A novidade é a camisinha anti-estupro, um reconhecimento político mínimo é merecido, ou não? Ela, por si é um debate coeso.
O debate do número é secundário para quem? Parece-me uma intervenção imediatista para um problema de longa duração que não exclui as práticas ocidentais, menos ainda as práticas brasíleiras. Muito pelo contrário, identificamos o estupro em altíssima incidência em países considerados de 'ponta', ou 'civilizados', tais como os países escandinávos. Já pararam para observar os dados de estupro na Finlândia e Suécia? E na Dinamarca? Alguém assistiu 'Festen', 'Festa em Família'? 'Ondas do destino'? E a Holanda? 'A excêntrica família de Antônia'? Essas sugestões cinematográficas pretendem apenas aludir ao fenômeno e tentar trazê-lo para perto, porque percebo uma insistência em afastar alguns 'lugares/culturas' como se fossem fenômenos desviantes. É preciso observar que a prática do estupro está normalizada na vida social porque pode-se reconhecer como perene, sendo sua variação relativa apenas ao grau (refiro-me ao número de casos registrados).
Aliás, não acharia muito absurdo pensar que, talvez, o número de casos registrados ser tão alto na África do Sul é dado a um modelo mais estruturado, ou seja, em que os casos chegam a ser efetivamente registrados, o que colocaria o África do Sul numa posição muito melhor do que a de muitos países ocidentais, incluindo o Brasil.
Reconhecendo o debate sobre o rapex, não posso reconhecer a criação de tal ferramenta anti-estupro como uma invenção política? Ou esse tipo de política é secundária? E neste caso, secundária por que, caso o seja? Faz sentido pensarmos que é uma contraintervenção paliativa de um fenômeno que tem todos os respaldos simbólicos, inclusive legitimados pelo aparato estatal? Não acho secundário pensarmos o rapex, esse é meu ponto.
A propósito, como Mariana Lima pergunto: O que é ser MULHER no Brasil?
Sem comentários?
Muito interessante, mesmo! Apenas a questão da segurança da mulher usando uma coisa que tbm pode ser perigosa para ela. Com o avanço dos testes teremos mais informações sobre o assunto.
A preocupação do aumento da agressão tbm há de ser considerada, mas talvez a dor seja tamanha que não aconteça nenhum tipo de reação porparte do agressor. O problema maior será qdo acontecer com mais de um agressor.
Bom! Espero que tenha cooperado...
Gostaria de saber qual a idade mínima para o uso desse tipo de camisinha, pq disse que funciona como um tampax, meninas e crianças virgens poderão usá-las pq sabemos que as crianças também sofrem violência sexual? Talvez a camisinha não resolva o problema como um todo, mas não deixa de ser uma forma de segurança e eu aprovo.
espera. uma coisa de cada vez.
primeiro. o tampax nao tira virgindade de ninguem. Entao, se conclui que a camisinha tampouco.
Claro isso é uma solucao express, é como um atibiótico , pra tomar e resolver o problema pontual e pronto. Mas obviamente o buraco é muito mais em baixo. A discussao de violaçao entre criancas, adolescentes e adultos tem que ser mais aberta, mais constante, e abranger mais gente de todas as idades e classes sociais.
um violador se nao é um ser doente é um ser ignorante.
um prazer poder debater.
Muito bom saber que o feminino volta a ciência em prol do feminino.
Muito bom.Parbéns pela iniciativa em publicar.
E o pára-quedas quando sai?
Beijo
CatGenie SaniSolution SmartCartridge 12 Pack
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial